O MOSTRENGO O mostrengo que está no fundo do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: ―Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?‖ E o...
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O MOSTRENGO O mostrengo que está no fundo do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: ―Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?‖ E o homem do leme disse, tremendo: ―El-Rei D. João Segundo!‖ ―De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?‖ Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso. ―Quem vem poder o que só eu posso, Circumnavigāre Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?‖ com Fernão de Magalhães E o homem do leme tremeu, e disse: ―El-Rei D. João Segundo!‖ Três vezes do leme as mãos ergueu, Antologia de Poesia Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: ―Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; Semana da Leitura 2020 E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme,
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