Intemporalidade fugaz Calouste abrira os olhos. Encontrava-se de pé, rodeado da movimentação um pouco provinciana, tão agradavelmente característica, da cidade de Lisboa. As ruas faziam-no sentir em casa, conhecendo-as ele como aos traços profundos que...
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Intemporalidade fugaz Calouste abrira os olhos. Encontrava-se de pé, rodeado da movimentação um pouco provinciana, tão agradavelmente característica, da cidade de Lisboa. As ruas faziam-no sentir em casa, conhecendo-as ele como aos traços profundos que condecoravam as palmas das suas mãos. Os raios do sol da cidade branca iluminavam-lhe o rosto, embalando-o no seu conforto, acariciando-lhe as feições. Algo, no entanto, fazia que aquela Lisboa não coincidisse com a cidade que lhe era tão preciosa, se tornasse um híbrido de dois mundos paralelos. Examinou, com olhar profundamente sensato, as redondezas. Analisou os semáforos. As pessoas que, como ondas na maré, entravam e saíam das mercearias e dos prédios. Os autocarros, levando crianças de rosto colado à janela e olhos esbugalhados. Sentia-se peculiar na sua roupa, até mesmo na postura. Não encaixava. Fechara novamente os olhos, de braços murchos encostados ao tronco. Pensativo. Como que desejando que tudo se lhe tornasse comum. Por mo
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