A Viagem, enfim Isto de ter sempre o mesmo sonho todas as noites torna-se aborrecido. Era assim: saía de casa, ia até ao carro e dizia à família «vamos lá fazer essa viagem». Primeiro entravam a mulher e as duas crianças, depois os pais, ele instalava-se ao...
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A Viagem, enfim Isto de ter sempre o mesmo sonho todas as noites torna-se aborrecido. Era assim: saía de casa, ia até ao carro e dizia à família «vamos lá fazer essa viagem». Primeiro entravam a mulher e as duas crianças, depois os pais, ele instalava-se ao volante e pronto, não havia lugar para os sogros! Era sempre a mesma coisa. Por mais que empurrassem, não conseguiam metê-los lá dentro. Acordava a suar, empurrando ainda qualquer coisa que não estava lá. A mulher aconselhou-lhe uns calmantes, para ver se o sonho se ia. Mas nada. Lá vinha sempre, todas as noites. É verdade que empurrava menos, talvez os calmantes, mas continuava naquele desespero de não conseguir enfiar os sogros no carro alucinante. Os sogros disseram-lhe que não se interessavam em ir, não faziam questão, já estavam velhos para viagens. Os pais prontificaram-se a ceder os lugares deles. Toda a família colaborava, mas o sonho continuava. Chegou a fazer experiências, a meter a família completa no velho Citroën arrast
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