Boa sentença
– Deviam ser oitocentos mil réis, que foi a quantia que eu perdi; no alforge encontro
apenas setecentos; vejo, meu amigo, que recebeste adiantado os cem mil réis de
alvíssaras; estamos pagos por conseguinte.
O bom camponês que nem por sombras...
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Boa sentença
– Deviam ser oitocentos mil réis, que foi a quantia que eu perdi; no alforge encontro
apenas setecentos; vejo, meu amigo, que recebeste adiantado os cem mil réis de
alvíssaras; estamos pagos por conseguinte.
O bom camponês que nem por sombras tocara no dinheiro, não podia nem devia
contentar-se com semelhantes agradecimentos.
Foram ter com o juiz, que vendo a má fé
do avarento, deu a seguinte sentença:
– Um de vós perdeu oitocentos mil réis; o outro encontrou um alforge apenas com
setecentos.
Resulta daí claramente que o dinheiro que o último encontrou não pode ser o
mesmo a que o primeiro se julga com direito.
Por consequência tu, meu bom homem, leva
o dinheiro que encontraste, e guarda-o até que apareça o indivíduo que perdeu somente
setecentos mil-réis.
E tu, o único conselho que passo a dar-te é que tenhas paciência até
que apareça algum que tenha achado os oitocentos mil réis.
Guerra Junqueiro, in Contos para a infância
Um homem rico, mas avarento, tinha perdido
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