CEGA-REGA
É difícil.
Isto de começar num montouro, e só parar na crista dum castanheiro, tem que se lhe
diga.
É preciso percorrer um longo caminho.
Embrião, larva, crisálida.
.
.
Todas as estações do
íngreme calvário da organização.
Animada pelo sopro...
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CEGA-REGA
É difícil.
Isto de começar num montouro, e só parar na crista dum castanheiro, tem que se lhe
diga.
É preciso percorrer um longo caminho.
Embrião, larva, crisálida.
.
.
Todas as estações do
íngreme calvário da organização.
Animada pelo sopro da vida, a matéria necessita do calor dum
ventre.
Antes dessa íntima comunhão, desse limbo purificador, não poderá ter forma definitiva.
Custa.
Mas a lei natural é inexorável.
Exige consciência de cosmos antes da consciência de ser.
O calor dá no ovo.
Aquece-o e amadurece-o.
A casca quebra.
Depois.
.
.
Ah, depois é essa descida
ao húmus, essa existência amorfa, nem germe, nem bicho, nem coisa configurada.
Largos dias
assim.
Até que finalmente em cada esperança de perna nasce uma perna, e cada ânsia de
claridade é premiada com dois olhos iluminados.
Cresce também uma boca onde a fome a
reclama, e surgem as asas que o sonho deseja.
.
.
É difícil, mas vai.
Desde que haja coragem dentro de nós, tudo se consegue.
Até fazer
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