Dom Casmurro
Machado de Assis
CAPÍTULO PRIMEIRO / DO TÍTULO
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz
aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.
Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim,
falou da...
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Dom Casmurro
Machado de Assis
CAPÍTULO PRIMEIRO / DO TÍTULO
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz
aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.
Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim,
falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos.
A viagem era curta, e os versos pode ser
que não fossem inteiramente maus.
Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos
três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
-- Continue, disse eu acordando.
-- Já acabei, murmurou ele.
-- São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado.
No
dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro.
Os
vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal
pegou.
Nem por isso me zanguei.
Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles
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